COP26: referência para o mundo, os biocombustíveis têm que continuar avançando no Brasil

por Erasmo Carlos Battistella

Desde o Rio-1992, o mundo progride com uma maior consciência sobre as questões que envolvem o clima e o aquecimento global. A diferença que percebi durante a minha participação na COP26, é que as manifestações das lideranças globais demonstraram um evidente senso de urgência. As consequências de decisões erradas não virão em 40, 50 ou 60 anos, elas são imediatas. A nossa geração já pode viver o resultado desse impacto se não fizermos nada agora.

Nas últimas três décadas, o setor de biocombustíveis no Brasil cresceu e se consolidou, tornando-se um patrimônio nacional. Toda essa história, em especial o crescimento do mercado de biodiesel, não é obra de um governo, pois sempre foi considerado como uma Política de Estado.

O Brasil buscou melhorar sua imagem e deu um recado importante revertendo algumas percepções. O anúncio do ministro brasileiro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, de que o país vai ampliar sua meta de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) foi um bom sinal.

Ela indica que para cumprir esse objetivo, o governo federal precisa focar na economia verde com fortalecimento do consumo de biocombustíveis e da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que estabelece em lei a progressão da mistura até 15% (B15) em 2023 – uma referência mundial em descarbonização nos transportes.

O ministro fez questão de destacar, entre as vantagens competitivas do país nas questões ambientais, o fato do Brasil ter o maior programa operacional em larga escala de biocombustíveis do mundo, uma matriz energética altamente limpa.

Alguns países categorizam os biocombustíveis como uma energia de transição, mas o setor tem um papel muito maior do que isso. O produto está pronto para cumprir sua missão com baixo custo de investimento e sem a necessidade de mudar o motor – uma solução ideal para os grandes centros urbanos.

Também senti uma força muito grande do setor empresarial brasileiro na COP26. Ao circular e conversar com vários empresários e representantes setoriais, ficou evidente que nós estamos mostrando soluções sustentáveis e avançadas em termos de tecnologia para contribuir com o processo de descarbonização global. E estamos compromissados com o desenvolvimento sustentável, com o crescimento da economia e com a geração de emprego verde.

Sou um otimista por natureza e saio desta COP26 empolgado, mas não iludido.

O biodiesel é sinônimo de mobilidade sustentável de futuro e o produto é uma resposta imediata ao processo de descarbonização. Somos vanguarda e temos o melhor biodiesel do mundo, fabricado com tecnologia de ponta.

Nosso país tem condições de aproveitar o seu enorme potencial de ampliar a geração de energia a partir da biomassa, incluindo aumentar a produção de biocombustíveis em conjunto com a produção de alimentos.

Aqui no Brasil, precisamos avançar assegurando a expansão do percentual de biodiesel e o cumprimento das metas de descarbonização, conforme estabelecido em lei.

Nosso caminho deve ser o do respeito às leis que definem o cronograma de misturas, oferecer segurança jurídica e progredir em direção a uma matriz energética mais limpa com investimentos consistentes. Só a previsibilidade criará as condições de crescimento e de competitividade para o biodiesel como uma fonte limpa e segura de energia.

Novos passos estão sendo dados no país como, por exemplo, o avanço na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 1873/21. O texto cria o Programa Nacional dos Combustíveis Avançados Renováveis, que são os biocombustíveis de segunda onda como o diesel renovável HVO (sigla em inglês para HydrotreatedVegetableOil) e o SPK ou SAF (SyntheticParaffinicKerosine – que pode ser utilizado misturado ao querosene de aviação).

O HVO é de “entrega imediata” e vai “100% direto para o tanque” em motores diesel de qualquer geração sem necessidade de adaptações. O SPK ou SAF já foi aprovado para ser utilizado em aeronaves de grande porte.

Nosso grupo empresarial está explorando o potencial dos biocombustíveis da segunda onda por meio do nosso projeto Omega Green, um investimento de 1 bilhão de dólares em uma biorrefinariade biocombustíveis avançados no Paraguai, com início de operação previsto para 2025.

O orgulho que tive ao ver a recepção internacional para o nosso modelo durante a COP26 me estimula cada vez mais em apostar no avanço dos nossos biocombustíveis. Trata-se de um caminho sem volta.

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