Há um ano eu afirmava durante a realização da Conferência de Combustíveis Limpos (Clean Fuels Conference), em Tampa, na Flórida, que o Brasil estava 10 anos atrasados em comparação com os avanços do setor de biocombustíveis nos Estados Unidos. Hoje a Be8, associada Clean Fuels Alliance America, volta à conferência aqui em Fort Worth, no Texas, partindo de um ambiente de transição energética mais favorável no Brasil, mas ainda aquém do que o setor precisa.
A Be8 está mais uma vez presente levando um grupo de clientes distribuidores de combustíveis no Brasil para ampliar os conhecimentos sobre o que há de mais avançado no desenvolvimento de biocombustíveis, a melhor e única forma de descarbonizar a indústria do transporte de líquidos com a tecnologia atual.
O evento começa nesta segunda-feira (05/02) e vai até o dia 8 e conecta (“Energias Conectadas” é o tema desta edição) os principais participantes da indústria de biodiesel, diesel renovável e combustível de aviação sustentável e nos lembra do quanto temos que avançar no Brasil e na América do Sul.
Aqui no Brasil, vamos respirar um ar mais limpo a partir de março com a ampliação da mistura de biodiesel para 14% (B14) quando já devíamos estar colhendo os benefícios do B15. Trata-se de um processo de reconstrução de uma perspectiva de transição positiva depois de ficarmos congelados numa mistura de B10, em 2022, e a retomada de B12 no ano passado.
Combustível do Futuro
Aguardamos o avanço da aprovação do Projeto de Lei do Programa Combustível do Futuro, que traz um conjunto de iniciativas para promover a mobilidade sustentável de baixo carbono e vai ajudar o Brasil a atingir as metas internacionais de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). A proposta de lei prevê o aumento em até 20% do porcentual de biodiesel na mistura ao óleo diesel e é um guarda-chuva para uma série de iniciativas de transição energética.
Ela cria a oportunidade de introduzirmos na matriz energética nacional os novos biocombustíveis e define o modelo de captura de carbono. Essas iniciativas vão efetivamente transformar o Brasil numa potência de produção de bioenergia, de agroenergia e de biocombustível.
Mas quando olhamos a agenda desta conferência nos Estados Unidos percebemos como ainda devemos avançar mais rápido.
“A indústria de combustíveis limpos tem testemunhado um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado por um impulso global para reduzir as emissões de carbono e promover a sustentabilidade ambiental”, destacou Donnell Rehagen, CEO da Clean Fuels Alliance América antes do início do evento. “Este crescimento é impulsionado pelo aumento dos investimentos, pelos avanços tecnológicos, pelas políticas e por uma consciência crescente da necessidade de alternativas com baixo teor de carbono”, analisou o anfitrião. Ele destacou o crescimento exponencial do diesel verde (HVO) e do combustível de aviação sustentável (SAF), e a maturidade do biodiesel como uma oportunidade de “desbloquear novos mercados substanciais num futuro próximo”.
Agência Global
Estou articulando aqui com meus colegas o fortalecimento da criação da Agência Global de Biocombustíveis, que deve concentrar os esforços para o fomento da adoção de combustíveis renováveis na matriz energética mundial, como proposto pelo governo brasileiro durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, em reunião com autoridades de países que compõem a Aliança Global dos Biocombustíveis. Com a presidência do Brasil no G20, podemos promover essa pauta com o objetivo de consolidar a produção de biocombustíveis em todo o mundo.
Na Conferência, uma rica lista de especialistas de primeira linha se aprofundará em questões como a exploração de novos mercados, o impacto das políticas federais e estaduais na adoção de combustíveis limpos, compromissos corporativos com a sustentabilidade e avanços na contabilização de gases de efeito estufa. Os participantes incluem produtores e comerciantes de combustíveis limpos, distribuidores, fornecedores de matérias-primas, gestores de frotas, fabricantes de equipamentos originais, responsáveis ambientais, sociais e de governança e representantes da imprensa.
O tema da Transição Energética é global e estamos aqui no Texas nos alimentando de boas energias para que este ano o Brasil, à frente do G20, e a América do Sul ocupem seus papéis como protagonistas da descarbonização do planeta.