A mensagem que vem daqui do Rio Grande do Sul, nesta que é uma das maiores tragédias ambientais do estado e do Brasil, é inequívoca. Se impõe de uma forma violenta, ao custo de muita dor, com perdas de vidas, que são irreparáveis, e de bilhões em recursos, que juntas trazem um impacto psicológico e, na maioria das pessoas, provoca um grito para uma nova consciência ambiental.
Há quatro anos, neste mesmo blog, eu dizia que as mudanças climáticas têm uma incidência real em todas as economias do mundo, mas os efeitos dessa mudança são sentidos cada vez mais claramente nas economias emergentes. Fenômenos naturais desastrosos, secas e inundações, êxodos derivados das mudanças climáticas estão impulsionando a ação.
E, para piorar, muitos cientistas previam que os mais afetados pelas mudanças seriam as pessoas e famílias mais vulneráveis. A previsão infelizmente se confirmou aqui no nosso Rio Grande do Sul, onde estamos vivendo e vendo isso acontecer.
Essa é a dura realidade e é urgente encontrar outra maneira mais sustentável de viver, viajar, empreender, produzir e prosperar.
A consequência do aquecimento global chegou, é o nosso presente, e mostrou do que ele é capaz de fazer em nossas vidas, mesmo para aqueles que eram mais céticos. Eles agora reconhecem os recordes de temperaturas que tornaram os últimos meses os mais quentes da história.
Da devastação de cidades inteiras, suas estruturas sociais, de saúde e de educação, devem surgir novos modelos de estado e de país capaz de sustentar, de se desenvolver e de criar a partir da manutenção da qualidade de vida e do ambiente.
Como membro integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável e empresário gaúcho, enviei às autoridades do Governo Federal minha contribuição para o processo de recuperação do Rio Grande do Sul no curto prazo.
Apresentei uma lista de ações imediatas a serem implementadas no curto prazo pelo Governo Federal. Este documento tem a contribuição de entidades representativa de setores da sociedade gaúcha e da Prefeitura de Passo Fundo.
Confira neste link.
Mas isso não basta e eu faço uma indagação: por que não cuidamos do meio ambiente?
Se os cientistas e os termômetros mostram a realidade, e se cuidarmos do meio ambiente, só vamos ganhar se conseguirmos reduzir as temperaturas dos próximos ciclos meteorológicos. Não se trata de sorte, mas de atitude frente a essa difícil condição que nos envolveu a todos gaúchos e gaúchas.
O que falta para fechar essa conta?
Primeiro acreditar e, neste caso, ouvir e compreender o duro recado que vem do Sul e que, caso nada seja feito, vai repercutir em outras regiões do país e no mundo como um todo.
Ao olhar para o Brasil, temos um país que é uma potência em energia limpa em condições de ser referência global em transição energética ao mesmo tempo cumprindo suas metas de descarbonização. No Senado, se discute o Projeto de Lei Combustível do Futuro com a capacidade de traçar as rotas que vão permitir que o país cresça em novas bases de economia verde, gerando emprego aqui, com qualidade de vida, saúde e preservação ambiental.
Mas precisamos pressa para fazer o projeto ser aprovado e virar realidade.
Também há uma discussão na opinião pública sobre o custo da transição, e agora podemos ver com precisão qual é o custo de não se fazer a transição. Perdas de vidas, abalos emocionais, prejuízos gigantescos são feridas duras de se cicatrizar.
Em seguida, precisamos mobilizar todos os nossos esforços na direção correta, que é a de efetivar nosso modelo de produção de energia limpa. Neste caso, além da definição dos marcos regulatórios de longo prazo que dão previsibilidade e segurança jurídica aos projetos industriais, precisamos canalizar os investimentos para potencializar esse modelo no curto prazo.
Não há tempo a perder.
Temos que ter uma transição energética justa e ágil, com aumento de produção agrícola e industrial sustentável, com as pessoas em primeiro lugar.
Atitude para mudar!
Como homem que veio da agricultura e de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, sei do valor das chuvas, mas elas devem vir em equilíbrio. Também reconhecemos no campo a importância dos ciclos de tempo em que cada etapa é uma sequência da outra. É no decorrer do tempo que acontece a preparação da terra, o plantio, o tratamento e a colheita da produção.
Sabemos também que depois da tempestade vem a luz de um novo dia, depois dos momentos de dificuldade, vem o renascimento e a reconstrução. E as lideranças política e empresarial têm que assumir a responsabilidade de conduzir esse processo que nos levará a um novo Rio Grande do Sul, a um novo Brasil, que será reerguido a partir de uma nova base.
E que fique claro: o que decidimos agora será colhido pelos nossos filhos, e pelos filhos de nossos filhos. Que todos nós tenhamos caráter e força para assumir esse compromisso de esperança com o futuro.