O querosene de aviação verde (SPK) vai ajudar a indústria da aviação a diminuir as emissões de gases do efeito estufa

por Erasmo Carlos Battistella

Gostaria de dividir com os leitores do Blog a apresentação que fiz no último dia 10 de setembro sobre o projeto Omega Green e o biocombustível avançado SPK (Synthetic Paraffinic Kerosine) durante o Seminário de Avaliação da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO). Trata-se da agência da ONU (Organização das Nações Unidas) criada em 1944 para promover o desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil internacional. Está sediada em Montreal, no Canadá.

O setor de aviação busca cumprir as definições do CORSIA (Regime de Compensação e Redução das Emissões de Carbono para a Aviação Internacional, traduzindo a sigla em inglês Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation). Os biocombustíveis avançados terão um papel importante na busca dessas metas de redução dos GEE (gases causadores do efeito estufa) pela indústria da aviação.

O CORSIA prevê fazer essa redução a partir da base de GEE produzida em 2019. O acordo internacional entre em vigor em 2021 e terá três fases:

  • Fase Piloto (2021-2023) – Regime Voluntário, para cada país (os países da União Europeia optaram por integrar o regime logo nesta fase);
  • 1ª Fase (2024-2026) – Regime Voluntário;
  • 2ª Fase (2027-2035) – Regime Obrigatório.

Como todos os países da União Europeia aderiram ao regime desde o início e com base na participação projetada de outros países, estima-se que este esquema venha a compensar e diminuir cerca de 80% das emissões acima dos níveis de 2019.

Foram apresentadas diversas soluções inovadoras para desbloquear os potenciais atuais e futuros de redução das emissões de CO2 no setor de aviação. Além de temas para as áreas de tecnologia, operações e combustíveis de aviação sustentável.

Na oportunidade, destaquei o projeto Omega Green, complexo para produção de diesel renovável HVO (sigla em inglês para Hydrotreated Vegetable Oil) e do SPK no Paraguai. Trata-se da primeira planta de combustíveis renováveis de segunda geração do Hemisfério Sul.

Afirmei durante o evento que precisamos do forte compromisso (que os ingleses condensam na palavra “commitment”) dos países e dos políticos para definir sistemas de regulamentação e de políticas públicas para ajudar o segmento aéreo, de carga e de passageiros, a diminuir as emissões por meio do uso do SPK.

O SPK, que será fabricado na planta Omega Green, pode operar a -45°C, ideal para uso por companhias aéreas, um setor que precisa de soluções eficazes para reduzir as emissões de CO2. O mais interessante é que a tecnologia que vamos utilizar na nova fábrica já produz este biocombustível no hemisfério norte e o mesmo SPK já foi aprovado para ser utilizado em aeronaves de grande porte. Estamos trabalhando firmemente para oferecer um querosene de aviação de alta qualidade e certificado pelas entidades mais importantes do setor.

Apesar de não reconhecermos tão diretamente a poluição provocada por um meio de transporte que está a 30 mil pés, é certo o forte impacto negativo que o avião tem para o meio ambiente. O setor tem feito pouco ou quase nada para a redução dos gases efeitos estufa e vai precisar trabalhar muito em tecnologia para atingir os objetivos de redução de emissões até 2050. A chegada de um novo combustível sem necessidade de alteração de motor deverá ter um papel muito importante nesse setor da aviação.

ICAO
A ICAO trabalha com os 193 Estados Membros da Convenção e grupos da indústria para chegar a um consenso sobre as Normas e Práticas Recomendadas (SARPs) da aviação civil internacional e políticas de apoio a um setor de aviação civil seguro, eficiente, economicamente sustentável e ambientalmente responsável.

As SARPs são usadas pelos Estados Membros da ICAO para garantir que suas operações e regulamentos de aviação civil locais estejam em conformidade com as normas globais, o que por sua vez permite que mais de 100.000 voos diários na rede global da aviação operem com segurança e confiabilidade em todas as regiões do mundo.

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1 comentário

Gino Ewerson Farias 16 de setembro de 2020 - 07:22

Parabéns Erasmo, seu interesse pelo biocombustível iniciada à 10 anos atrás, está levando nosso País a uma Categoria Sustentabilidade Ímpar, muito nos têm orgulhado com suas iniciativas.
Continuado Sucesso, Brasil precisa de empreendedores do seu tamanho.

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