Santiago de Compostela, primeira metade: em essência, uma caminhada para a vida

por Erasmo Carlos Battistella

Por mais de 20 anos tenho lutado para transformar um sonho em um empreendimento com propósito claro: melhorar o planeta em que vivemos. Para refletir sobre o que já construí e sobre onde ainda quero chegar, há duas semanas comecei uma nova caminhada. Parti de Saint Jean Pied de Port, na França, em direção à cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, uma das rotas peregrinas mais antigas e desafiantes do velho continente.

Deixei a rotina intensa de executivo no Brasil para mergulhar de volta na minha essência, nos valores que me guiaram durante a minha jornada até aqui. Já percorri mais de 350 quilômetros do caminho, num ambiente de umidade, neblina, frio, terrenos íngremes, plantações e prédios históricos. No lugar da vida agitada, apenas o silêncio e as observações que acompanham cada passo da longa jornada em torno de um objetivo de vida.

As dores e o esforço físico andam junto com um olhar para dentro, uma imersão retrospectiva que muitas vezes não conseguimos fazer porque somos levados pela correnteza das decisões do dia a dia. Lembrei da minha infância, das longas caminhadas no interior do Rio Grande do Sul, na minha cidade natal, Itatiba do Sul.

Aqui sou um observador atento dessa terra e deste povo, que tanta influenciou nossa história no Brasil. Uma terra marcada por conflitos, grandes guerras, avanços e retrocessos políticos. E precisamos aprender com elas, potencializar as boas coisas e avançar no que precisa ser melhorado no Brasil e no mundo.  

Quando piso estas cidades de Pamplona, Logroño, Burgos, sinto uma conexão imediata e penso no planeta que queremos deixar para as gerações futuras. Diminuir os impactos ambientais é um dos nossos maiores desafios, sem fronteiras, porque o planeta é um só.

Como criar um futuro sustentável para cada um, em todos os lugares, essa é a resposta que tenho perseguido toda a minha vida.

Minha trajetória está intrinsicamente ligada ao desenvolvimento dos biocombustíveis no Brasil. Compreendemos aqui a urgência de estimular esse desenvolvimento como uma solução de curto prazo para enfrentar o aquecimento global. A recente tragédia climática no Rio Grande do Sul e em outros lugares do planeta não nos deixam esperar.

Neste meio da jornada, o meu maior aprendizado é que ninguém caminha o caminho sozinho! E assim fortaleço meu propósito na transição energética. E a força da crença que esse será o maior legado que será deixado para as futuras gerações, para a minha família e filhas, que estão aqui comigo em pensamento.

Seguimos caminhando e aprendendo com a força de Deus e de Santiago!

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