O Santander Brasil concedeu um novo financiamento de R$ 90 milhões vinculado a compromissos ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês) à Be8. Esta é a terceira operação desta natureza efetivada entre o Banco e a empresa desde julho do ano passado. As anteriores somaram R$ 100 milhões em recursos, que estão sendo investidos no aperfeiçoamento das operações da empresa, maior produtora de biodiesel do Brasil.
A contrapartida acordada para esta nova transação foi a utilização de ao menos 20.000 toneladas de volume de óleo de cozinha usado (UCO, na sigla em inglês) para a produção de biodiesel em 2023, o que representa uma elevação de 48% em relação ao volume de 2022. A utilização do UCO na produção do biodiesel proporciona dois benefícios ambientais simultâneos: além de reutilizar material que frequentemente é descartado de maneira incorreta, as emissões de gases efeito estufa do biodiesel produzido com UCO podem ser até 40% inferiores daquele produzido com óleo de soja virgem e até 80% menores que as do diesel convencional, de acordo com análise interna da Be8.
O Santander é pioneiro no mercado de empréstimos atrelados a metas de sustentabilidade no Brasil. O Banco tem como propósito apoiar seus clientes na transição para uma economia de baixo carbono, atuando como estruturador, financiador e garantidor de projetos para atividades de impacto positivo, como o de biocombustíveis.
Esta nova operação da Be8 foi estruturada como um Sustainability Linked Loan. Neste modelo, o Banco oferece um incentivo ao cliente (redução da taxa de juros da operação) mediante cumprimento de metas para indicadores ambientais, sociais ou de governança preestabelecidos em contrato, as quais serão reportadas pela Be8 ao final do exercício social.
“Temos um papel importante, como instituição financeira, que é o de atuar no fomento a práticas sustentáveis nos negócios que fazemos com nossos clientes. No caso da Be8, encontramos diferentes atividades que se encaixam com perfeição nesta premissa, o que abriu espaço para parcerias recorrentes”, afirma Esther Unzueta Dominguez, head de Finanças Sustentáveis do Santander Brasil.
Para nós, da Be8, é muito importante contar com esta parceria com o Santander porque ela credencia nossas iniciativas ESG e fortalece a crença de que somos, no Brasil, dentro de um modelo de economia circular, exemplo de utilização de matérias-primas e de produção de biocombustíveis com sustentabilidade.
Na primeira operação entre Santander e Be8, o compromisso assumido estava vinculado à ampliação do programa Ser Sustentável, que tem como parceira a Cooperativa Amigos do Meio Ambiente (COAMA). A instituição atua com recicladores e possui licença ambiental para fazer o recolhimento de óleo de cozinha usado de estabelecimentos comerciais e de residências em Passo Fundo (RS). A expectativa era reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado do resíduo no meio ambiente e a elevação em 15% da renda de famílias que já faziam parte da cooperativa.
A iniciativa instalou novos pontos de coleta e fornecendo mais equipamentos para acondicionamento no transporte do óleo coletado, que tem como destino a produção de biodiesel, completando o ciclo da economia circular. Nos oito meses da implantação do programa do Ser Sustentável foi gerada uma renda de R$ 23.350,00 e o valor dividido pelos participantes do projeto resultou no crescimento de 24,92% na renda mensal de cada cooperado, superando a meta estabelecida como indicador da primeira operação de financiamento.
Programa Crédito de Fornecedor Sustentável 2SC
O segundo financiamento considerou como contrapartida o aumento da participação do volume de gorduras animais como matéria-prima e a geração de Créditos de Descarbonização (CBIOS) oriunda de fornecedores participantes do Programa Crédito de Fornecedor Sustentável 2SC. Por meio desta iniciativa, o fornecedor de matéria-prima tem acesso tanto a benefícios financeiros, como a incentivos relacionados à temática ESG.
Maior uso de OCU como matéria-prima
O uso de UCO para produção de biodiesel cresceu 30% em 2022 no Brasil comparado com o ano anterior. O volume de 148 milhões de litros é recorde, considerando os dados compilados no Painel Dinâmico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), veja quadro abaixo, e disponíveis desde 2017.
O potencial de uso de OCU é muito grande: a estimativa de consumo de óleo comestível no Brasil foi de cerca de 4 bilhões de litros em 2022. Por ser uma matéria-prima residual, não são atribuídas emissões de gases de efeito estufa (GEE) a este insumo, maximizando o potencial de descarbonização do biodiesel, elevando a quantidade de Crédito de Descarbonização (CBIO) que pode ser emitida por volume produzido conforme, prevê a Política Nacional de Bicombustíveis (RenovaBio).